quinta-feira, 28 de janeiro de 2010


A fome passou, passou também a vontade de sorrir a qualquer hora. Passaram os olhos livres de lágrimas, os dias sem dores. Pra passar tudo isso alguma coisa teve que chegar, e eu não sei descrever direito. É um vazio no fundo da cabeça, um pulmão que parece crescer, ou diminuir... É assim, como se para ficar com a cabeça levantada, sem pender para os lados eu precisasse fazer uma força descomunal. E a respiração? Eu tenho que puxar o ar umas três vezes pra conseguir que a dor passe um pouco... Passou o sono, a vontade de cantar e de dançar.

E eu não sei direito porque, eu só sei que pra dormir eu preciso de força, não dá mais pra simplesmente relaxar. Eu preciso me esforçar pra comer, porque eu não sinto vontade alguma. Tudo o que era involuntário se transformou em esforço, num esforço absurdo...

Eu sinto como se eu fosse, pra mim mesma, uma daquelas pessoas do metrô, andando com pressa, tentando desviar de pessoas no mesmo ritmo que ela, se esforçando pra sair do lugar, e só esbarrando mais em tudo. Eu não consigo mais desviar...

Se eu fosse um pouco mais forte com esse lance de emoções, se eu conseguisse chorar um pouco menos, por motivos maiores, apenas. Se eu conseguisse não me preocupar tanto em passar em vestibulares, ou tirar as melhores notas. Se eu conseguisse, sei lá, encher a cabeça pra que ela não caísse, e eu não precisasse segurar... Se minha mão não amolecesse... Se eu não me entregasse tanto a todos os sentimentos que eu sinto... Se eu fosse mais racional...

Pois é, se tem algo que eu não sou é um ser racional... Eu sou completamente sentimental, mesmo tento fingido por algum tempo, pra mim mesma, que não era... Eu sou extremamente sentimental. E talvez isso seja bom, porque quando eu sinto, bom eu realmente sinto...

Agora é assim, eu penso nele o tempo todo, eu sinto ele o tempo todo, eu sou dele o tempo todo... E não reclamo disso, porque assim eu me sinto mais preenchida...

É uma confusão de sensações, de sentimentos, DEUS, o que acontece comigo? Uma hora eu sei que sou a pessoa mais feliz do mundo, na outra eu não sei se devo me jogar na frente de um ônibus ou pular de um prédio... É como se tivesse uma bússola estragada em mim, que aponta o Norte em lugares diferentes a cada segundo... Sim, eu não sei se sei qual é meu norte...

Na verdade eu acho que sei qual é o Norte, mas não sei se consigo me basear nele, me nortear...

De qualquer forma eu sempre falei dessa confusão de sensações, mas hoje, bom, hoje tudo ficou mais evidente, porque minha cabeça pende, minhas mãos não conseguem ser firmes, minhas pernas não me aguentam mais... E mesmo vazia eu sei que sou feliz.

Um comentário:

  1. esse bang aí de vc falando q achava que era mais racional e agora vc "percebeu" que é sentimental. é verdade

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